Sexta-feira à noite. Se quiser sair, tem que faxinar. Varrer, espanar e deixar tudo brilhando. E quando a casa está finalmente impecável, ela me pede para limpar as gretas debaixo das portas. As gretinhas. Com uma escova de dentes. Trabalho minucioso e paciente. Passa a escova na greta, depois lava. Passa sabão na escova, depois na greta. Limpa o sabão com o pano, passa a escova molhada, seca tudo de novo. Uma porta, duas, três.
As gretas estão limpas. Tão limpas que se vê o contraste da cor delas com a do resto do piso. Elas estão mais claras agora. Mais limpas. Você não percebe que elas existem até resolver limpá-las. E como estavam sujas! Você nunca repara no sujo das gretas, mas ele está lá, a cada dia maior, gritando "ooooléee" toda vez que você o negligencia.
A vida também é assim, cheia de gretas. E só dá pra limpá-las se você enxergar a sujeira nelas. E sua vida só fica verdadeiramente limpa se todas as gretas estiverem lavadas.
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